Ao passo em que se passa a posse

Tu, enquanto minha, jamais poderias me deixar.

Se tudo que te define é essa qualidade, e o que sou nada passa de teu dono - tal qual de tua posse.
Se as marcas do teu corpo têm as formas de minhas mãos; se teus traçados particulares se fizeram com a intensidade, maior ou menor, dos meus toques: mais suaves no rosto, menos no corpo.

Lembro-me hoje da tarde em que aconteceu. Pousei minhas mãos em teu pescoço e fui descendo-as vagarosamente pelo teu corpo, pelo colo, seios, dorso e costas, e parei-as em tuas coxas. Minha prima-obra perfeitamente perfeita estava completa.

Lembro-me, ainda, hoje, da noite em que aconteceu. Teus olhos nos meus braços em teu contorno teu rosto até ficar arrepiado. Perdi a respiração na tua e meus batimentos se confundiram com os teus, tão altos no contato de nossos corpos. Ali, naquele momento, fizeste-te minha; fizeste-me teu.

E tu, enquanto minha, jamais poderias me deixar.



"E hoje eu sei: /sem você sou pá furada. /Ai! Não me deixe aqui, /o sereno dói, /eu sei - me perdi, /mas eu só me acho em ti." (Los Hermanos - Paquetá)

Comentários

Camilla Lima disse…
Sempre profundo e tocante !
Você é demais !!

Saudade muito grande !!

beijos

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