Da arte de envelhecer


Esse meu post vem com barulhos de teclas de computador tanto quanto de ranger os ossos.
Todos passam por esse momento uma vez por ano, aquele fatídico dia, tal qual escolhemos como o melhor dia de todos os tempos: o nosso aniversário.
Digo nosso para existir maior catarse, mas, na verdade, eu falo pelo meu próprio. Ah, que maravilha: ganharei presentes, sairei para comemorar, reunirei família e amigos, todos os que gostam, e até uns que não gostam, de mim. Não é animador?
Estou ficando mais velho. Ganhando mais responsabilidades, conhecendo mais da vida e de mim mesmo, realizando mais coisas, conquistando mais objetivos, aproximando-me mais do que eu penso ser minha realização total. Não é animador?
Nesse ponto já passei por muitas coisas, não sou mais o que podem chamar de jovem sem experiência qualquer, já estou na faculdade, encaminhando meu futuro ou fazendo qualquer outra coisa que tenha a ver com minha realização profissional. Não é animador?
NÃO! NÃO É ANIMADOR.
Eu, novamente pelo meu próprio aniversário e meus próprios 19 anos em breve conquistados, afirmo: ficar velho é um saco. Um ano a mais que vivi e agora penso: por que não aproveitei mais as brincadeiras da infância, aquilo que chamo de brincadeiras da adolescência ou minha insuportável guerra contra o vestibular? Não que eu não tenha aproveitado... Até muito. Mas não há como não pensar que sempre há uma possibilidade de conseguir-se extrair alguma gotinha mais de felicidade de alguma memória minha.
Sou, pois, um recém chegado à velhice da alma. Agora, são presentes, comemorações, reuniões de família e amigos... tudo camuflando as minhas responsabilidades, objetivos, experiências, faculdades, futuro - ah, futuro que virará, daqui a um ano, passado já! - profissionalismo...
Dou-me essa semana, portanto, de férias. Férias da minha idade, dos meus pensamentos.
Durante uma semana inteirinha, não serei Henrique ou terei quase 19 anos. Um dia serei Henrique, outro Senhor Henrique, outro Mib; terei 6, 14, 11, 50, quantos anos eu quiser, nos momentos que quiser. Irei à escola, ao trabalho, à faculdade, fingirei doença para faltar prova, jogarei bola, nadarei, dançarei tango na Espanha, pedirei minha futura esposa em casamento, participarei do parto de meu filho com minha futura ex esposa, divorciarei-me, casarei de novo... ah, vamos viver tudo que há pra viver.
Pronto. Essa semana inteirinha inteirinha, eu vou ser qualquer um quando eu quiser.
E felizes aniversários para mim.


"Hoje, o tempo voa, amor... escorre pelas mãos mesmo sem se sentir! E não há tempo que volte, amor: vamos viver tudo o que há prá viver, vamos nos permitir!" (Tempos Modernos - Lulu Santos)

Comentários

Camilla Lima disse…
Aaaaaah você e otimo!!
Infelizmente ou felizmente não sou a melhor pessoa pra te aconselhar sobre essa história de idade porque mal ou bem eu ainda sou um broto hahahahahahs brincadeirinha !
Mas relaxa... amigos de verdade ultrapassam os limites do tempo e da idade também! Não me encomodarei de te encontrar para jogar xadrez ou invés de beber champagne e falar de vestibular, êh o ciclo da vida!!


Ps: o post do meu blog não foi um surto, só um desabafo virtual... Eu até estou mais conformada inclusive passei hoje o dia estudando hahaha to animada e ansiosa pra caceta, faz parte ne?
Se eu confio em mim... Difícil falar disso mas acho que confiava mais em você quando te perguntei do que confio em mim agora entende? Mas eu to indo tomar um chá de auto estima (não sei mais se tem hifen) !!

Valeu !!

Beijaaao

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