Construção por Remendos

Me sentia como um belo boneco, ligado às mãos de alguém que me controlava por meio de fios invisíveis. Qualquer movimento, tão inesperado e abrupto, por outra pessoa era pensado. Não foste aquele momento em que um dos elos se soltou e um braço ficou à deriva, talvez ainda estivesse preso àquela situação.
A partir daquele momento, libertador momento, pude sentir o que estava acontecendo. Passei a mão em meu peito e percebi que ali houvera um rasgo. Como posso não lembrar, se em mim mesmo se encontrava aquela remenda? E aquela pessoa que controlava meus movimentos era, certamente, quem havia costurado pedaço por pedaço de mim.
Devo sentir tristeza, raiva ou saudade? Na verdade, sinto gratidão. Foi com ela, ao me controlar, que aprendi a andar, sentar, correr, pular, mexer, sorrir, chorar e amar.
Cada costura minha, cada fragmento ou pedaço tinha a mesma inicial, como se fosse para, ainda hoje, eu não esquecer do primeiro passo, corrida, pulo, sorriso, choro e amor!

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